sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Dados e Localização de Sátiro Dias

Sátiro Dias
Distâcia da Capital:  205 Km
Região Estadual: Litoral Norte a nordeste da micro-região de Alagoinhas.
Divisas Estaduais: Ao norte, com Tucano, Nova Soure e Olindina; ao sul, com Água Fria e Inhambupe;

a leste, com Olindina e Inhambupe e a oeste com Biritinga e Araci.
Acesso: BA-233, que liga a sede do município à BR-110, ao norte de Inhambupe.
População: 19.882 (estimativa do Ibge em 01/07/2006)
Área: 975 k2
PIB: R$ 38.140.00
PIB per capita: R$ 1.998
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Contas Nacionais

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Agenda Cultural de Sátiro Dias


Festa de Nª Senhora do Amparo

Festa em homenagem a Padroeira que acontece a cada dia 02 de fevereiro e é antecedida por missas, novenas e procissão pelas principais ruas da cidade. Crianças e adolescentes tem participação fundamental onde aprende crenças e valores cristãos. Cerca de 30% dos participantes são crianças e adolescentes.


Festa paralela à Festa da Padroeira


É a festa de rua mantida pela Prefeitura, com duração de três dias, que normalmente acontece no primeiro final de semana posterior a religiosa. Com a participação pessoas de todas as idades, cerca de 10 mil dos quais, 40 % são homens, 30% são mulheres, 20% são crianças e adolescentes e 10% pertencem à terceira idade.


A paixão de Cristo


A representação da Paixão e Morte de Jesus Cristo, encenada em praça pública pelas Companhias de Teatro Alfacena e Sátiro em Cena. Tornou-se o maior espetáculo teatral ao ar livre do litoral norte. No elenco, crianças e adolescente aprendem técnicas de artes cênicas e descobrem talentos.


São João em Sátiro Dias


É a festa junina de Sátiro Dias, acontece entre os dias 23 e 25 de junho de 2006, atrai pessoas de todos os municípios vizinhos, além de filhos da terra que moram fora. No cronograma do evento tem lugar para diversão de toda a população.

Os adjutórios da roça (Bela Vista)


São manifestações de apoio em atividades agrícolas, geralmente promovidas entre vizinhos, em especial na região de Bela Vista, onde ajuda no desenvolvimento dos serviços e onde há muita comida e bebida. Uma festa.

Aniversário da Cidade


É a festa de emancipação política do município que se deu em 14 de agosto de 1958. A festa acontece com missa pela manhã na Igreja Matriz e bandas famosas na praça da Liberdade à noite sempre no próximo final de semana a data.

A Despalha do Milho (Pocinhos)


A despalha de milho é uma manifestação popular que se dá na época da colheita de milho quando as famílias se reúnem em torno de um amontoado de milho para que aconteça a sua despalha e ensacamento. Na comunidade de Pocinhos é onde ainda sobrevive esta manifestação que se encontra na eminência de extinção.

O Leilão Cantado (Pau de Leite)


O leilão no interior do Nordeste é uma tradição e acontece com muita freqüência na zona rural. Na comunidade de Pau de Leite além da preservação desta cultura popular ela é acrescida do fato de que a negociação dos produtos é feita de forma cantada em rima e trova.

O Drama (Mimoso)


No Distrito de Mimoso há algumas apresentações teatrais semelhantes à Commédia Del Art. Um grupo teatral cria personagens fixos e apresentam as peças no Distrito e nas comunidades vizinhas.

Exposição Pecuária



A exposição agropecuária acontece no Parque de Exposições Manoel da Rocha Reis, sempre no mês de Agosto e faz parte do calendário oficial do Estado da Bahia. No evento, organizado pela Associação Agropastoril União, acontecem leilões de bovinos; exposição de ovinos, caprinos, eqüinos e bovinos; provas de tambor e marcha, além de festa dançante.

Festa de Reis



A festa dos Santos Reis acontece na madrugada do dia 06 de janeiro, ocorrendo o esquentar dos instrumentos e os primeiros passos do samba de roda em frente à Igreja com as portas fechada, como determina a tradição, em seguida percorrem os lares de pessoas ilustres da cidade onde tocam e dançam e recebem algum dinheiro pela visita.

História de Sátiro Dias segundo Ronaldo Torres

Localização Geográfica


             Distante 205 Km de Salvador, o município de Sátiro Dias situa-se no litoral norte baiano, no nordeste da micro-região de Alagoinhas. Faz divisa, ao norte, com Tucano, Nova Soure e Olindina; ao sul, com Água Fria e Inhambupe; a leste, com Olindina e Inhambupe e a oeste com Biritinga e Araci. Seu principal acesso se dá pela BA-233, que liga a sede do município à BR-110, ao norte de Inhambupe.
Tem uma população 17.251 habitantes, segundo o último Censo, de 2000. Sua economia é baseada em agricultura de subsistência, com pequeno destaque para a produção de maracujá, mandioca, feijão, milho, abóbora, laranja e melancia. Seu comércio é local, excetuando-se as segundas-feiras, quando acontece a feira-livre e há uma grande afluência de consumidores e negociantes das cidades circunvizinhas, resultando em grande movimentação econômico-financeira.
 Há exploração de floresta renovável, com exportação de madeira para outros estados e exportação de objetos de cerâmica para cidades próximas. Há uma agência bancária e um banco postal, um hospital com atendimento ambulatorial geral, um posto e um centro de saúde, postos de saúde nos povoados de Bela Vista, Pau-de-Leite, Arraial Santana e outro no distrito de Mimoso. Possui uma agência de correios e serviço regular de transporte coletivo para as cidades vizinhas e para Feira de Santana, Alagoinhas e Salvador.

História


O povoamento do sertão no nordeste da Bahia, de Inhambupe a Paulo Afonso, deveu-se, em primeiro lugar, aos jesuítas que adentraram o interior em sua missão catequética; depois, aos bandeirantes, principalmente os oriundos da Casa da Torre, como era conhecida a morada dos Garcia d’Ávila.
Inhambupe e Itapicuru são as duas cidades mais antigas da região, e foram fundadas pelos jesuítas e franciscanos, nos anos de 1572/82 e 1639, respectivamente.
Inhambupe nasceu de uma taba indígena à margem esquerda do rio Inhambupe, descoberta pelo Padre José de Anchieta, e transformada numa colonização catequética.  O português Alexandre Vaz Gouveia expulsou os índios, construiu habitações e a capela de Nossa Senhora da Conceição.
Em 1624, fugindo da invasão holandesa à Bahia, o coronel Guilherme Dias d’Ávila, um dos herdeiros da Casa da Torre, armou acampamento na outra margem do rio Inhambupe e, com a desculpa de ter encontrado minas de salitre, obteve a posse das terras descobertas, uma sesmaria de seis léguas, compreendida entre os rios Inhambupe e Itapicuru. Fazia parte dessas terras o território da hoje Sátiro Dias. Construiu uma igreja, com o nome de Divino Espírito Santo de Inhambupe, em torno da qual surgiram outras construções.
 
A Lagoa das Pombas
 
            No início era uma lagoa. Um paraíso tropical no meio do caminho dos vaqueiros que se dirigiam de Bom Conselho (hoje Cícero Dantas) ao mercado emergente de Feira de Santana. Recebeu o nome de Lagoa das Pombas por ser um santuário dos columbídeos e ponto de encontro de outros animais. Os vaqueiros, passantes, errantes itinerantes tinham-na como um oásis no meio da aridez hostil da caatinga. Fazia parte da Fazenda Junco de Fora, uma sesmaria vinculada à Casa da Torre.
Em meados do século XIX o Visconde da Torre doou suas terras ao Conselheiro Dantas, de Inhambupe, que, com seu tempo todo tomado pelo Engenho Itapororocas, contratou o vaqueiro João José da Cruz, um migrante de Bom Conselho, como administrador da fazenda.
João José da Cruz era filho do português Roque Gonçalves com uma índia, e, além de vaqueiro, administrava uma das fazendas do seu pai, a Fazenda Cruz, na região de Nossa Senhora do Bom Conselho dos Montes do Boqueirão. Por volta de 1850, talvez por morte do seu pai, a Fazenda Cruz foi vendida, o que gerou a migração da família Cruz para Inhambupe.
Anos depois, com a decadência do Engenho Itapororocas e ascendência política, o Conselheiro Dantas vendeu uma parte de suas terras para João da Cruz e seus parentes. Manoel José da Cruz, filho de João da Cruz, se casou com a filha de um português abastardo, recebeu um bom dote de casamento conforme costume da época, e empregou o dinheiro do dote na compra das terras da Fazenda Junco de Fora, ficando com o maior quinhão. Eram terras devolutas, ainda a serem exploradas, com pouco ou nenhum beneficiamento, sem meios de escoamento da produção e por isso não tinham o valor de mercado que têm hoje. As sedes das fazendas eram casebres de taipa, cobertura de pindoba e piso de chão batido.
Nasce um Arraial
De 1877 a 1879 houve uma terrível seca que assolou o Nordeste e causou grande destruição e a morte de 500 mil pessoas. Uma imensa massa de retirantes nordestinos, por contingência imperativa das necessidades, migrou para as lavouras de café, em São Paulo. A chegada ao eldorado sulista coincidiu com a multidão de italianos, imigrantes da Europa para as lavouras paulistas. Os fazendeiros daquela região deram preferência aos italianos, por terem mais conhecimento e técnica agrícola. À medida que o tempo passava, piorava a situação dos retirantes, que chegavam aos montes. A alternativa encontrada foi a de mudar o rumo da imigração para as selvas amazônicas, e lá se transformaram em seringueiros, invadiram terras bolivianas e fundaram o estado do Acre.
Manoel José da Cruz, filho de João José da Cruz, conhecido como Manezinho dos Pilões, foi o primeiro a sentir os efeitos da seca de 77. Quando o sol esquentou e a água rareou na Fazenda Pilões, teve a idéia de procurar abrigo às margens da Lagoa das Pombas. Capinou o lajedo existente onde hoje é a praça Juracy Magalhães Júnior e construiu sua casa, um pouco distante das enchentes, mas perto da água lagunar. O seu filho Manoel da Cruz, conhecido como Mané Moço, seguiu o seu exemplo e construiu ao lado. Com o prolongamento da estiagem, outros filhos foram obrigados a buscar abrigo à sombra das árvores que margeavam a lagoa, formando um aglomerado de três a quatro casas.
Era costume do povo de antigamente fincar uma cruz no ponto mais alto de suas terras, geralmente o topo de um morro. A cruz era o símbolo cristão por excelência, marco da fé e, ao mesmo tempo, guardiã da propriedade. Acreditava-se serem os morros o caminho mais curto para o Céu. Quanto mais alto, mais perto de Deus se estava e, por isso, a cruz era usada como ponto de penitência e orações. Sua proteção se estendia até a curva da linha do horizonte, onde fosse possível enxergá-la.
No ano de 1884, Manoel José da Cruz subiu no morro mais próximo do povoado, olhou para as quatro casas erguidas na planície e fincou uma cruz, invocando a guarda e a proteção divina para o seu povo.
Em 1887 a igreja de Inhambupe desmoronou e as missas passaram a ser celebradas em casas de orações. Manoel José da Cruz construiu uma ao lado do cruzeiro e o local ficou conhecido como Alto da Cruz da Boa Vista e era lá que o Cônego Maximiano Febrônio Esmeraldo, da paróquia de Inhambupe, ministrava o Sacramento Eucarístico para os moradores da região. Com a construção de uma capela em 1905, a casa de oração foi destruída, o cruzeiro substituído, e o local passou a se chamar conforme o conhecemos hoje, ou seja, Cruzeiro dos Montes.
Entre a lagoa e a casa de oração havia uma planície. Os fazendeiros locais foram construindo casas para descanso em dia de missa e assim surgiu um pequeno aglomerado de casas que foi batizado arraial do Junco, em alusão à Fazenda Junco de Fora.
Em 23 de junho de 1927 o arraial foi elevado à categoria de 4º distrito de Inhambupe, mudando seu nome para Sátyro Dias e assim permaneceu até o dia 14 de agosto de 1958, quando foi desmembrado de Inhambupe, se tornando no município de Sátiro Dias.
O desmatamento provocado pela explosão demográfica dos novos assentados, fez a lagoa minguar, definhar, secar, até a sua extinção total, deixando, em seu lugar, um vasto campo de lama.  Aterrado, hoje se transformou num empreendimento imobiliário popular.
Sátyro de Oliveira Dias – Quem foi?
É estranho, mas na sua própria terra natal, Inhambupe, as autoridades de então cometeram um grande equívoco com aquele que talvez seja a principal personalidade da região, ao homenageá-lo dando o seu nome às Escolas Reunidas. Consta, no histórico da Escola, que o homenageado foi “advogado, formado em Olinda, Pernambuco, e que serviu como soldado na Guerra do Paraguai”.
Sátyro Dias, à época estudante de Medicina em Salvador, se incorporou às tropas do Império como médico-estudante voluntário.  Retornou em 1869 com os galões de primeiro cirurgião, concluindo os estudos no ano seguinte.
Casou-se em 1874 e em 1882 participou da Assembléia Provincial. Em 1884 tornou-se presidente da Província do Ceará, abolindo emblematicamente a escravatura naquela região. Devido à seca que assolou o Nordeste entre 1877 e 1879, atingindo principalmente o Ceará, não havia mais escravo por lá. Para simbolizar seu ato, comprou quatro escravos em Pernambuco e, em seguida, os libertou.
No ano seguinte se elegeu deputado geral pela província do Amazonas. Em 1889 tornou-se diretor geral da Instrução Pública e até a sua morte, em 18 de agosto de 1913, participou da política e da administração pública, sendo eleito duas vezes deputado.
Ronaldo Torres
e-mail: ronaldotorrescruz@yahoo.com.br
Fonte de pesquisa:
TORRES, Ronaldo. Arraial do Junco: Crônica de Sua Existência. Alagoinhas. 2004.